terça-feira, 22 de maio de 2007

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MULHERMARA





manheço, acordo
Desperto em Lagoinha
Durmo, alvoreço
Me enlevo, transpareço
Abro os olhos e sonho
Menina e mulher, mulhermar
Ando sobre dunas quentes
Que me queimam os pés
Choro ondasRetorno à infância
Iracema meninaLagoinha mulher
Os quatro cantos de minhas paredes
São rodeadas de mar
Meus cabelos são algas marinhas
Quando durmo e me banho de luar
Lagoinha me toma e me abraça
Me invade e me alaga
Me torna luaSolitária e nua.
Sem endereço









Não inventei a mim.
Por que se eu tivesse inventado
teria me feito assim:
metade noite, metade dia
sem verso quebrado
sem aspas, nem parênteses
teria me feito transparente
eternamente lúdica
lúcida, translúcida
verso e reverso do tempo
em contagem regressiva

Se, como uma deusa
eu tivesse me feito a mim
teria me refeito tantas vezes!
Esqueceria desencontros
endereços, desencantos...
Esqueceria, de propósito,
(bem no meio do caminho)
minha louca irreverente alegriameio artista, meio normal
(Nada inteiro eu me queria...)
E à luz de uma meia lua
metade eu seria noite
metade eu seria dia